Quando você pensa em uma equipe ágil, que palavras vêm à mente? Temos a tendência de associar agilidade com velocidade, mas trabalhar com metodologias ágeis não é sobre ser veloz.
Entender a diferença entre esses dois conceitos é essencial, pois eles servem a propósitos diferentes e podem até entrar em conflito.
Antes de tudo, a agilidade nos negócios se refere às diferentes qualidades que permitem que as organizações respondam rapidamente às mudanças sem perder seu ímpeto.
Portanto, a agilidade é sobre possuir o poder de adaptabilidade e flexibilidade, permitindo às organizações a capacidade de mudar de direção rapidamente.
Muitos, entretanto, confundem esse conceito com senso de urgência e, à medida que as empresas enfrentam os desafios da transformação digital, mais elas querem abraçar a velocidade.
O conceito de velocidade nos negócios, por sua vez, refere-se a prazos mais curtos, menos recursos gastos e custos potencialmente mais baixos.
Parece bom, correto? Entretanto, aplicar uma abordagem que prioriza apenas a velocidade acarreta na perda de benefícios de longo prazo proporcionados pela agilidade.
Olhando para o ponto de vista da produção, as organizações estão adotando métodos ágeis apenas na esperança de lançar softwares ao mercado com mais rapidez e frequência, tornando como foco a tentativa de produzir aplicativos o mais rápido possível e esquecendo-se do principal: gerar valor para o cliente.
A execução do ágil, entretanto, deve envolver aprendizado e descoberta, e o lançamento de softwares e produtos são o resultado do que foi aprendido a partir das interações com os clientes.
Autonomia é melhor que velocidade
Ao contrário do que se possa imaginar, o verdadeiro benefício da agilidade não é entregar mais, mas sim entregar apenas o que é necessário.
Nesse contexto, é preciso ser decisivo sobre o que construir e o que não construir, utilizando cada sprint como uma oportunidade para aprender e tomar decisões.
A maioria das equipes de TI possui um backlog interminável. São muitos sistemas para desenvolver, testar e modificar, sem falar nas outras atividades rotineiras das organizações que também requerem a atenção das equipes.
Embora a entrega rápida seja o maior desejo de muitas empresas, uma entrega previsível é mais necessária.
A obsessão com a velocidade faz que as equipes desenvolvam rapidamente muitos produtos em vez de otimizar os fluxos de desenvolvimento para torna-los mais ágeis.
Assim, as empresas que entendem as diferenças entre velocidade e agilidade são capazes de criar processos melhores, alavancar suas equipes de forma eficaz e adotar tecnologias para permitir melhores experiências do desenvolvimento e do cliente.
Isso significa que é a capacidade coletiva da equipe de discernir as suas necessidades e fazer ajustes rapidamente que aumenta a eficácia e sucesso dos seus esforços.
A partir das metodologias ágeis de gerenciamento de projetos, as equipes terão mais autonomia para se organizarem e para fazerem ajustes e melhorias contínuas.
Qualidade é melhor que velocidade
Com tantos projetos acumulados, as empresas e suas equipes de desenvolvimento têm cada vez mais problemas para entregar softwares de qualidade que estejam de acordo com os requisitos dos negócios de seus clientes.
Porém, a qualidade é uma parte inerente do gerenciamento ágil de projetos e todos os 12 princípios ágeis promovem a qualidade direta ou indiretamente.
Esses princípios enfatizam a criação de um ambiente que possibilite que as equipes ágeis produzam recursos valiosos às necessidades das partes interessadas no projeto. Portanto, a qualidade no ágil não é negociável, e as equipes devem se esforçar ao máximo para entregar um produto funcional, de alta qualidade e potencialmente entregável a cada iteração.
Entregue resultados, não produtos
Praticar o ágil significa executar um passo de cada vez, começando com uma etapa para depois definir a próxima com base no que foi aprendido anteriormente. Isso torna possível que o escopo do projeto seja modificado à medida que se acumula mais conhecimento sobre o que o cliente realmente deseja.
Se você parar para observar, o Manifesto Ágil não cita a palavra rápido. Ele se concentra em fazer que algo chegue aos clientes com antecedência e com frequência, agilizando, dessa forma, o processo de aprendizado sobre as necessidades do cliente.
Então, trabalhar com sprints sempre envolvendo os clientes pode, na verdade, tornar todo o processo mais lento. E tudo bem, pois ao compreender os desejos e necessidades dos clientes você certamente começará a agregar valor e reduzir riscos mais cedo.
Dessa forma, podemos dizer que ser ágil não é sobre velocidade; é sobre entregar resultados sustentáveis, de alta qualidade e baseados em valor.
Assim, ao considerar a mentalidade necessária para ter sucesso na transformação digital, lembre-se que é bom ser rápido, mas é melhor ser ágil.